- Área: 180 m²
- Ano: 2016
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Fotografias:Kliwadenkonovas , RAMA ESTUDIO
Descrição enviada pela equipe de projeto. O projeto se desenvolve no albergue não oficial Nova Jerusalém, localizado em San José de Chamnaga, Esmeralda, uma das áreas afetadas pelo terremoto. A área onde se implementa o projeto corresponde a um terreno comunitário anteriormente doado ao bairro. O espaço abrigava 30 famílias com um total de 170 pessoas.
O albergue encontrava-se muito bem organizado com uma necessidade pontual que era ter um espaço comunitário que acolhesse várias atividades coletivas.
Processo
O projeto consiste em desenvolver um Centro Comunitário para Chamanga, através de processos de desenho e construção participativa.
Foram desenvolvidas oficinas comunitárias para entender e priorizar as necessidades das pessoas, essas atividades serviram como base de desenho. Também nos permitiu um entendimento dos recursos locais e mão-de-obra existente no albergue. Essa primeira etapa foi vital para que a comunidade pratique as aprendizagens e complemente seu espaço comunitário em etapas posteriores.
A ideia, desde o princípio, foi apoiar os processos de organização comunitária em atividades que bem implementadas (reconstrução, reuniões, oficinas), podem dinamizar a economia interna da população, aproveitando da melhor maneira possível as ajudas, governamentais e privadas.
A partir das oficinas planeja-se o desenho completo do Centro Comunitário, de uma área aproximada de 180 m2, utilizando principalmente madeira, o mesmo servirá como espaço de desenvolvimento comunitário.
A Ideia
O projeto é pensado como uma grande cobertura que permite desenvolver as atividades previstas pela comunidade. As intenções básicas foram revalorizar os materiais locais, os sistemas construtivos seguros além de empoderar as pessoas por meio do trabalho coletivo na construção.
Desenha-se uma estrutura com hastes de bambu conectadas por meio de juntas simples e uniões com porcas e roscas. Isso faz com que não seja necessária mão-de-obra especializada em cortes ou uniões complexas em bambu.
A configuração estrutural foi dada por dois planos de bambu cruzados que se estruturam para suportar a cobertura. O primeiro plano em direção à fachada frontal com uma altura de 4,80m por 20m de largura e o segundo painel corresponde à fachada posterior com uma altura de 3,20m por 18m de largura.
Grande porcentagem do bambu foi doada por fazendeiros locais para a construção. O processo de colheita e cura foi realizado pela própria comunidade. Essa etapa foi uma das mais longas e complexas devido a que os bosques de bambu são de difícil acesso e podem ser perigosos se não houver uma guia clara para o corte.
Na cimentação aborda-se um sistema anteriormente utilizado pela equipe de Actuemos Ecuador, à base de pneus reciclados e concreto. O sistema não somente era de fácil implementação, mas também diminuiu os custos e conferiu um novo uso aos pneus. Esse sistema foi comprovado e verificado por engenheiros voluntários que colaboram com os projetos.
No piso foram utilizados toras encontradas facilmente na região, que foram doadas pela população. A base possui 15m de comprimento e 7 de largura.
No piso se utiliza também bambu cortado, amarrando vigas secundárias de bambu que são assentadas sobre as vigas principais de tora. Na cobertura são utilizadas vigas de bambu onde se assenta uma primeira camada de bambu cortado como um colchão térmico e uma exterior com lâminas de zinco.
Para os móveis da cozinha, adega e depósito são utilizados painéis de madeira e móveis reciclados de outras construções.
Os brinquedos infantis partem dos desenhos e oficinas com as crianças. Constrói-se uma estrutura de bambu que se entrelaça gerando um elemento que permite às crianças subir, pendurar-se ou deslizar.